segunda-feira, 14 de setembro de 2009

Web vai ajudar a monitorar florestas no Rio de Janeiro



Tecnologia, natureza e cidadania. Estas palavras se fundem num projeto que visa a preservar a Floresta da Tijuca e as matas do Maciço da Pedra Branca. Trata-se de um programa de monitoramento por satélite da cobertura vegetal da mata, concebido por pesquisadores da PUC do Rio. As imagens capturadas vão servir para acompanhar eventuais avanços da ocupação urbana sobre o verde. E, o melhor, o projeto prevê a participação popular, via internet: internautas terão acesso em tempo real ao monitoramento, poderão fazer denúncias sobre desmatamento e acrescentar informações num mapa interativo que estará disponível na web.

"É como no Google Earth, onde os internautas podem acrescentar informações sobre a região onde moram. A gente quer dar ferramentas para a população, para que a sociedade assuma um papel maior na gestão da floresta e, por consequência, da cidade", diz o coordenador do projeto, o geógrafo Luiz Felipe Guanaes Rego, da PUC carioca.

Mapa interativo
- Quer dizer, o internauta vai poder não só verificar (e fiscalizar) onde estão ocorrendo as agressões à floresta. No mapa interativo, ele poderá acrescentar informações sobre desmatamentos, denunciar alguma ocupação irregular e se manifestar através de um texto que ficará incorporado ao mapa.

O internauta terá opção de enviar e-mail para autoridades, cobrando ações e fazendo denúncias – neste projeto, há uma parceria com a Secretaria Estadual de Meio Ambiente, que encomendou o serviço.

"Além disso, os dados coletados pelo satélite e acrescentados no mapa interativo poderão servir de prova jurídica para o cidadão entrar com uma ação no Ministério Público. Uma vez que ele poderá imprimir os relatórios gerados pelo programa", diz Luiz Felipe.

O geógrafo comenta que a sociedade contemporânea, com o boom da tecnologia digital, vive um momento único no que se refere à representação do espaço.

"Quase todo mundo já viu sua casa no Google Earth. O entendimento do espaço geográfico está mudando. Daí, a importância do nosso sistema. Tendo a informação de onde a Floresta da Tijuca está sendo destruída, o cidadão pode intervir diretamente. Queremos estimular esta participação, esta pressão social", diz o geógrafo.

Outro ponto que Luiz Felipe destaca é o ineditismo do projeto, desenvolvido pelo Nima (Núcleo Interdisciplinar de Meio Ambiente da PUC-Rio).

"Existe uma deficiência no monitoramento da Mata Atlântica. O Inpe, por exemplo, monitora a Amazônia. Mas as características dos dois ecossistemas são diferentes. A Amazônia é plana e tem baixa densidade habitacional. Já a Mata Atlântica, a exemplo da própria Floresta da Tijuca, tem relevo montanhoso e está cercada da presença de cidades. Cerca de 80% da população brasileira vive no que restou deste ecossistema", diz.

O projeto da PUC carioca, chamado oficialmente de Programa Integrado de Monitoria Remota de Fragmentos Florestais e de Crescimento Urbano no Rio de Janeiro (Pimar), utiliza registros fotográficos de satélite, captados de seis em seis meses. Estas fotos serão comparadas, para mostrar se e onde ocorreu desmatamento.

Mas a diferença é que os pesquisadores criaram um programa de computador que fará esta comparação automaticamente. Como numa espécie de laudo científico.

Tecnologia de ponta - "Estamos lidando com uma tecnologia de ponta. Só a PUC detém o conhecimento desta classificação automática de imagens", diz Luiz Felipe.

A parte estritamente tecnológica do projeto é feita por pesquisadores de outras especialidades, como o engenheiro Raul Feitosa, coordenador técnico do Pimar. Segundo ele, o satélite americano Ikonos fornece imagens em alta resolução.

"Um pixel da imagem corresponde a uma área de um metro quadrado. Então, podemos ter uma visão bem acurada das alterações na floresta", diz Feitosa.

Segundo ele, além do mapeamento feito com as ferramentas tecnológicas, haverá um posterior trabalho de campo:

"Após o levantamento fotográfico e as interpretações tanto automáticas quanto por parte de nossa equipe, será feito um trabalho de campo para validar o método e determinar possíveis erros de medida", diz Feitosa.

O projeto é fruto de mais de dez anos de pesquisa e vai servir como piloto para monitoramento da Mata Atlântica em outras cidades do país. Segundo os pesquisadores, o sistema estará disponível para o cidadão intervir possivelmente este ano. Mas ele pode ter uma prévia acessando o endereço http://www.nima.puc-rio.br/sobre_nima/projetos/pimar/index.php. (Fonte: Marcelo Gigliotti/ Jornal do Brasil)


Fonte: http://noticias.ambientebrasil.com.br/